Sentido de pertença “Esta insaciabilidade do olhar fotográfico altera os termos da reclusão na caverna, o nosso mundo. Ao ensinar-nos um novo código visual, as fotografias transformam e ampliam as nossas noções do que vale a pena olhar e do que pode ser observado. São uma gramática e, mais importante ainda, uma ética da visão.” (ensaios sobre fotografia, Susan Sontag) Vou como a água pelos regos. Quantas vezes, o olhar sedento como a terra sorve o frágil, o belo da presença. Detenho-me. O fôlego do remanso ao entardecer reflecte o céu da infância, como o desassossego dos pássaros em torno da luz. A projecção destas imagens evoca-me a memória de um tempo que, sofrendo cortes, permanece. O que somos senão a soma desses cortes com o sentimento de pertença? Chegam até nós fotografias incompletas, às quais as vicissitudes do tempo provocaram danos como a um corpo, tanto pela velhice, como pela doença, ou pelos acidentes de perc